martes, 31 de diciembre de 2013

Carta a un tipo que no le presté atención // Carta a um cara em quem não prestei atenção

[Versão em português embaixo]

Hoy, después de releer tu carta 5 años después me he dado cuenta que fui una idiota, que era una inmadura, que yo solo quería salir con mis amigos. Cuando estaba en la Universidad te veía pasar. Me gustaba tu pelo mono alborotado, combinado con tu flaqueza y tus ropas anchas. Me gustabas porque eras el raro, y no era sólo a mí. Recuerdo que mis amigas y yo te decíamos “El extraño de pelo largo”. Hablábamos de ti, de cuando te veíamos en los pasillos o en el Coliseo, de tus amigos y de tu novia. Yo tenía como 17 años y estaba en primer semestre. Tú tenías 21 y casi estabas terminando. Nunca me imaginé estar contigo, te veía lejos, te veía muy enamorado de tu chica y muy diferente a mí.

Limpiando y organizando mi closet me encontré con tu carta. Una carta que me diste antes de irme de paseo a Buenos Aires en el 2008. Ese fue el año que te conocí. Ya habías terminado con tu novia y ella casualmente se había ido a vivir a Buenos Aires. Según la carta, la primera vez que hablamos fue en un concierto un viernes de Guacherna, y dices que ya te había llamado la atención antes cuando me veías por los pasillos de la universidad ¡Coincidencia! Recuerdo que hacíamos varios planes juntos, tocábamos guitarra, cantábamos y la pasábamos bien. En ese momento ya no eras “extraño” y tampoco tenías el “pelo largo”. No sé exactamente por qué no dejé que nuestra relación fuera más allá. La conclusión a la que llego es que no estaba preparada para eso. En esa época, creo que quería un amor como el de las películas. No entendía que las relaciones se van construyendo, que los amores no se encuentran listos como nos han enseñado los cuentos de hadas. 

Leer tu carta, además de recordarme esos tiempos, me ha hecho mirarme en retrospectiva y darme cuenta que he crecido. A mis 20 años no pude ver en ti más allá de tu apariencia. Una de las cosas que valoro en una relación de cualquier tipo y en general en una persona, es su carga de valores. Mi familia y la vida me han enseñado que es importante el respeto, la sinceridad, la honestidad, la humildad, etc. Ahora cuando encuentro valores parecidos en alguien los tomo como un tesoro, porque definitivamente es algo más durable que la apariencia. Parece que eso no lo entendía cuando estaba más pequeña. Supongo que una de las razones es que siempre fui la niña buena, la que no dio problemas, y ni el colegio ni la sociedad valora estas cosas, no son actitudes cool. Algo me hizo abrir los ojos y cambiar de parecer. Así me quedó claro que es más difícil tener valores que no tenerlos y que eso está relacionado con la grandeza de espíritu. 

Leyendo tu carta y los correos que nos mandamos después, entiendo que nuestros valores se parecen, y no sólo eso, nuestra forma de ser y nuestros gustos también. No pretendo que seamos los mejores amigos ahora, pero sí quería que supieras que volví a leer tu carta, que ha generado cosas en mí y pedirte disculpas por no haber sabido manejar la situación, siempre es mejor tarde que nunca. Fuiste muy valiente al escribirla y sobre todo al entregármela.

Antes de despedirme, quería decirte que me llamaron la atención varias cosas. Me voy a permitir transcribir una frase que encontré muy bonita: “Una noche apacible, fluida, tranquila, inocente, como cuando el viento sopla en tu cara con los ojos cerrados y escuchas las hojas caer”. También me pareció interesante que hayas dibujado en una libretica los origamis que salían en Discovery Kids para poder hacerlos después si se te olvidaban. La carta en forma de piano fue una idea que me gustó mucho. Espero que todo esté bien, tengo rato de no saber de ti. En tu Facebook, que a propósito tardaste en abrir porque decías que eso lo tenía todo el mundo, si mal no recuerdo, te ves muy bien. 

Con cariño.

Desde lejos, 

Matina

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Carta a um cara em quem não prestei atenção

Hoje, depois de reler sua carta, percebi, cinco anos depois, que fui uma idiota, que era imatura, que eu só queria sair com meus amigos. Quando estava na Universidade te via passar. Gostava do seu cabelo louro desgrenhado, combinado com sua magreza e suas roupas largas. Gostava de você porque era o estranho, e não só aos meus olhos. Lembro que minhas amigas e eu te chamávamos de “O esquisito do cabelo comprido”. Falávamos de você, de quando te víamos nos corredores ou no Coliseo, dos seus amigos e da sua namorada. Eu tinha uns 17 anos e estava no primeiro período. Você tinha 21 e estava quase terminando. Nunca imaginei estar com você, te achava distante, te via muito apaixonado por sua namorada e muito diferente de mim.

Limpando e organizando meu closet deparei com a sua carta. Uma carta que você me deu antes de eu ir passear em Buenos Aires em 2008. Esse foi o ano em que te conheci. Você já tinha terminado com sua namorada e ela por acaso tinha ido morar em Buenos Aires. Segundo a carta, a primeira vez que nos falamos foi numa sexta-feira, num show do Guacherna, e você diz que eu tinha chamado sua atenção antes, quando me via pelos corredores da universidade. Coincidência! Recordo que tínhamos vários programas juntos, tocávamos violão, cantávamos e nos divertíamos. Nesse momento você já não era “estranho” e nem tinha “cabelo comprido”. Não sei exatamente porque não deixei que nossa relação fosse mais longe. A conclusão a que chego é que não estava preparada para isso. Nessa época, acho que queria um amor como o dos filmes. Não entendia que as relações vão se construindo, que os amores não se encontram prontos como nos ensinaram nos contos de fadas. 

Ler a sua carta, além de me fazer lembrar esse tempo, me fez olhar-me em retrospecto e perceber que cresci. Com 20 anos, não consegui te enxergar para além de sua aparência. Uma das coisas que valorizo em uma relação de qualquer tipo e, em geral, numa pessoa, é sua carga de valores. Minha família e minha vida me ensinaram que é importante o respeito, a sinceridade, a honestidade, a humildade etc. Agora, quando encontro valores parecidos em alguém, tomo-os como um tesouro, porque sem dúvida são mais duradouros do que a aparência. Parece que eu não entendia isso quando era pequena. Suponho que uma das razões é que sempre fui a boa menina, a que não deu problemas, e nem o colégio nem a sociedade valorizam essas coisas, não são posturas cool. Alguma coisa me fez abrir os olhos e mudar de opinião. Assim ficou claro para mim que é mais difícil ter valores do que não tê-los, e que isso está ligado à grandeza de espírito.

Lendo sua carta e os e-mails que trocamos depois, entendo que nossos valores são parecidos, e não só isso, nossa forma de ser e nossos gostos também. Não pretendo que sejamos melhores amigos agora, mas queria sim que você soubesse que voltei a ler sua carta, que ela provocou coisas em mim, e te pedir desculpas por não ter sabido lidar com a situação, sempre é melhor tarde do que nunca. Você foi muito corajoso ao escrevê-la e principalmente ao me entregá-la.

Antes de me despedir, queria te dizer que me chamaram a atenção várias coisas. Vou me permitir transcrever uma frase que achei muito bonita: “Uma noite agradável, fluida, tranquila, inocente, como quando o vento sopra em seu rosto com os olhos fechados e você ouve as folhas caírem”. Também me pareceu interessante que você tenha desenhado num caderninho os origamis que saíam no Discovery Kids para poder fazê-los depois se você esquecesse. A carta em forma de piano foi uma ideia de que gostei muito. Espero que tudo esteja bem, já faz tempo que não sei de você. No seu perfil do Facebook, que aliás você demorou a abrir porque dizia que isso todo mundo tinha, se bem me lembro, você está muito bonito.

Com carinho.

De longe,

Matina

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2 comentarios: